Mais uma
noite eu tranco a porta do quarto, apago a luz e escancaro a janela. Eu fico na
cama deixando o vento frio desse Agosto amargo bater no meu corpo, na tentativa
de sentir algo que não seja um vazio que me corta de ponta a ponta. E é um
vazio tão cheio de coisas. Coisas com as quais eu não sei o que fazer. Como saberia,
se eu não sei nem que coisas são essas?
Chega um
momento em que o combo de diagnósticos que você recebeu se torna um peso morto,
uma bola de chumbo presa ao seu calcanhar. O que sobra da vida, quando você redescobre
a cada segundo que ela é um amontoado de casos e causas perdidas, é o que há de
mais asqueroso. Com o evoluir da madrugada, além do cinzeiro, enche-se também o
quarto, que fica abarrotado de fantasmas e de antecipações. E o pior: minha
vida se enche também, se enche dos buracos que eu cavo buscando respostas.
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