quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Atenciosamente, o que restou de você

Talvez não seja essa a direção, mas não existe marcha ré na vida. Quer voltar, minha querida? Infelizmente você não pode, sabe por quê? Porque o máximo que conseguimos de regressão na vida é um hiato, o mudo entre dois momentos, o inexistir durante um flash. Você está machucada, eu sei, mas não é só você. O mundo todo está calejado, muitos são imunes às cicatrizes por que se banham no direito à ignorância. Sua ferida está aí, eu sei, posso tocá-la se eu quiser, fazê-la doer como tantos outros fazem, mas opto por deixar-te aí, inerte, submersa, vilã de si mesma e vítima de todo o resto.

Não deixe suas ilusões fotografarem seu rosto perdido em um dia feliz, provavelmente não irá acontecer. Não acredito em predestinação, mas com você aí, entregue como um pequeno pedaço de merda, espatifada no sofá esperando as moscas, vomitando carniça em forma de palavras, dando de comer aos abutres que te circunscrevem, eu não consigo visualizar uma portal pra felicidade surgindo em frente seu rosto borrado no espaço.

Mas se você desse valor ao que eu te digo, eu tentaria de novo, diria outra vez: “Levante-se, jogue fora essa cruz que tanto venera, seu deus não está aqui e nunca esteve! Queime esse vestido longo que te cobre a sexualidade, acenda-se! Acenda-se, minha querida, para que possa sentir-se quente, e assim, estar apta para acolher a si própria, pois ninguém vai fazer isso por você. Então ao comando da minha voz, mude o bege desbotado deste quarto e convide seus demônios pra dançarem suas derrotas com você. Não faça de suas malícias e pecados seus inimigos, abrace-os pois, acredite em mim, eles são o que duram pra sempre e te tornam consistentemente e irrevogavelmente humana e passível de ser amada.”


Atenciosamente, o que restou de você.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

I'll explain... later... sober - or not.

Diante de mim, apenas a tela deste computador – meu confidente, silencioso, paciente, que apenas me acata e não me viola. A barrinha do Word piscando ansiosa para receber minhas palavras, os excretos da minha alma preenchida por emoções e por fumaça. Ouço agora Lovesick – CocoRosie. O que mais posso acrescentar? O de sempre: o que sinto com a vida me desmiuçando e quando tento desmiuçá-la.

Hoje pensei sobre nosso lado libidinoso. Refleti sobre os limites da sexualidade, do gênero, da individualidade (até onde somos indivíduos e até onde somos todos fantoches do instinto e da espécie, como um todo). O que é viver e o que é ser feliz? Nos conheceremos o suficiente para saber lidar com nossas fronteiras? Somos escravos ou donos de nós mesmos? E o amor? O amor da sua vida é o certo pra você? E o certo pra você, é o que vai te fazer feliz? Dá pra ser feliz com o errado?

Seria mudar muito bruscamente de assunto se eu dissesse que você me faz falta? Você e tantas outras pessoas me fazem falta. Sinto falta de outras Amandas que já fui. Falta de sentir o sentido presente nas coisas. Melhor, não precisar que as coisas façam sentido pra que me satisfaçam.

Agora estou ouvindo Treasury of We – Glasser. Essa música me lembra que eu tenho necessidade de viver momentos cinematográficos que façam jus aos meus desejos. Desejo de ir naquele lugar que sempre projeto. O penhasco, o céu, nossa sensação de finitude e infinidade diante dele. Sensações que, ocorrendo mutuamente, nos provam: somos dialéticos. A dialética que causa toda essa bagunça existencialista. Se fosse tudo 8 ou 80, preto ou branco, não precisaríamos lidar com espectros desconhecidos.

Ninguém vai entender, acho. Mas faz tanto sentido pra mim.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Phoenix

Leve-me para longe daqui. Quero dar uma volta. Aliás, uma volta não, nada que seja cíclico, por favor! Andemos para longe, um lugar vazio de paisagem em tons pastel, traçando o caminho em linha reta, algumas curvas, mas nada de voltas. Salve-me! Eu te imploro que amenize a dor, que sopre essa ferida aberta. Às vezes, o fato de você se importar é tão curativo quanto a lágrima de uma fênix.

Não quero mais vestir armaduras de plástico bolha. Além de ineficiente, é sufocante. Quero que minhas emoções respirem em algum lugar no qual sejam dispensáveis máscaras de gás. Pra isso, segure minha mão, leve-me para algum jardim secreto, onde não haja nada além de você e eu, circunscritos e imersos em algo bonito. Não deixe que entre lá qualquer impureza desse mundo doente. Já nos contaminamos o suficiente, meu amor, não acha?

Então, pela última vez, pegue minha mão e vamos embora daqui! Estou sendo consumida pelo lodo criado na parede do meu quarto escuro e úmido, minha alma está sendo sugada pelas vozes falaciosas que estão em todos os lugares, minha paz se esvai a cada segundo que olho o caos pela janela. Não me diga que só eu me sinto assim! Não é possível que só eu percebo que tudo apodreceu e que estão tentando remediar com veneno.

Ainda há uma fresta de vida não infectada em mim, não permita com sua passividade costumeira que ela também adoeça e, como todo o resto, morra por falta de socorro.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Quando você ama, parece que dá liberdade pra pessoa perder a etiqueta e te machucar sem nenhuma elegância.

A título de desabafo

É indescritível a dor de uma decepção, a dor de perceber o quão hipócrita e baixa uma pessoa pela qual você nutria grande afeição pode ser. O inesperado dói mais, te pega de calças curtas e te faz se arrepender de algum dia ter acreditado que amizades e relacionamentos se constroem juntamente com trocas de confidências e beijos. Bem, chega um período da vida, e talvez eu esteja nele, em que você percebe que TODAS as pessoas são falíveis.

Estamos todos podres por dentro? Eu não sei, mas já consigo sentir o cheiro de enxofre exalando de alguns. Sinto o cheiro de vômito quando algumas pessoas abrem a boca pra falar e, quando falam, a voz faz brotar em mim um desejo fulminante de ter uma bazuca de bolso. Ojeriza. É essa a palavra. Nojo da voz, da fala, da presença, da existência. Nojo de mim por ter permitido entrarem na minha vida e defecarem nela, lambuzarem as paredes já sujas do meu emocional com suas merdas provindas de vidas fétidas e catatônicas.

Irônico como não há sequer um pingo de maturidade em alguns protótipos de gente, pessoas incapazes de assumir seus erros e, pelo menos, terem a dignidade de declarar a não-intenção de consertar.

P.S.: Pra quem contesta o que eu escrevo e vem com mimimi de pseudo-ofendido que borra as calças e não aceita que fez merda: EU TENHO UM LOGIN, UMA SENHA E UM EU LÍRICO, então kiss my skinny ass! _l_

domingo, 25 de setembro de 2011

Estrada

- Nunca vi tantos cadáveres, urubus e ossadas em uma estrada só.
- Que estrada?
- A que me traz do meu passado até o agora.

"You spurn my natural emotions, you make me feel like DIRT, and I'm hurt".
Ever Fallen In Love - Nouvelle Vague


terça-feira, 20 de setembro de 2011

Catastrófica ausência

Não me faça implorar

Pelo seu abraço

Pela sua expiração me soprando para poder seguir com vida

Não me faça implorar

Pelo seu beijo

Pelo seu sorriso que devora meus fantasmas

Vomite sua frieza e jante meus pedidos

Chegue mais perto, eu não me basto

Toque!