sábado, 14 de julho de 2012

Trecho de "The Other Room" - Bukowski

"...there is always somebody in the other room
who wonders what you are doing
there without them.

there is always somebody in the other room
who is afraid you feel better being alone.

there is always somebody in the other room
who thinks you are thinking of someone else
or who thinks you don’t care for anybody
except yourself in that other room.

there is always somebody in the other room
who no longer cares for you as much as they used
to..."

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Não tenho orgulho de ser lésbica e não preciso me casar

Já me perguntaram algumas vezes sobre isso e já vi muitas pessoas declarando: "tenho orgulho de ser gay/ lésbica/ bi/ trans". Não vejo motivo pra se orgulhar de algo que não é bom ou ruim, algo que simplesmente é. Um negro não tem motivo pra ter orgulho de ser negro, assim como um branco por ser branco etc. É claro que existe uma carga cultural extremamente relevante, principalmente no caso de negros e não-héteros, o que não torna determinada "condição" uma qualidade.
Eu me orgulho de ter me assumido, me orgulho da pequena militância que pratico e me orgulho de alguns amigos e figuras públicas decentes. "Orgulho gay" é uma má interpretação do que é ser gay. Ser gay não é nada, como você lida com isso, sim. Orgulhar-se de simplesmente ser é reforçar uma barreira social que nem deveria existir. Algumas coisas, por mais positivas que pareçam (como o próprio movimento LGBTT) são, muitas vezes, um desfavor à desmistificação da sexualidade.
Já postei algumas vezes no facebook e no blog sobre como buscar mais o direito ao casamento que o direito de ser livre fora da heteronormatividade me soa, no mínimo, inocente. Poder casar na igreja, formar um CASAL (a palavra se refere, originalmente, a um par composto por UM macho e UMA fêmea) não é buscar liberdade, é enquadra-se nos padrões heteronormativos cristãos/ católicos. Não que o direito ao casamento deve ser negado, obviamente, mas não consigo entender o motivo pelo qual as pessoas não percebem que, dessa forma, o respeito por sua orientação sexual só existirá devido ao disfarce do "diferente".
Lutar por liberdade não deveria ser uma causa dos LGBTTs e dos simpatizantes. TODOS deveriam lutar pela quebra das correntes conservadoras que limitam a manifestação da complexidade humana em todas as suas formas. Por que não se luta pelo casamento triplo? Por que não se luta pelo respeito aos "promíscuos"? Por que não se luta pelo amor livre, ou pela falta de amor? Por que venerar o amor romântico e ignorar todo o espectro de outros tipos de amores (e não-amores)?
Ter que enquadra-se não é liberdade.

domingo, 8 de julho de 2012

http://www.youtube.com/watch?v=rbxbWVgGCtg&feature=fvwrel

Soneto de Separação - V. de Moraes

De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama
De repente não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente
Fez-se do amigo próximo, distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente