Diante de mim, apenas a tela deste computador – meu confidente, silencioso, paciente, que apenas me acata e não me viola. A barrinha do Word piscando ansiosa para receber minhas palavras, os excretos da minha alma preenchida por emoções e por fumaça. Ouço agora Lovesick – CocoRosie. O que mais posso acrescentar? O de sempre: o que sinto com a vida me desmiuçando e quando tento desmiuçá-la.
Hoje pensei sobre nosso lado libidinoso. Refleti sobre os limites da sexualidade, do gênero, da individualidade (até onde somos indivíduos e até onde somos todos fantoches do instinto e da espécie, como um todo). O que é viver e o que é ser feliz? Nos conheceremos o suficiente para saber lidar com nossas fronteiras? Somos escravos ou donos de nós mesmos? E o amor? O amor da sua vida é o certo pra você? E o certo pra você, é o que vai te fazer feliz? Dá pra ser feliz com o errado?
Seria mudar muito bruscamente de assunto se eu dissesse que você me faz falta? Você e tantas outras pessoas me fazem falta. Sinto falta de outras Amandas que já fui. Falta de sentir o sentido presente nas coisas. Melhor, não precisar que as coisas façam sentido pra que me satisfaçam.
Agora estou ouvindo Treasury of We – Glasser. Essa música me lembra que eu tenho necessidade de viver momentos cinematográficos que façam jus aos meus desejos. Desejo de ir naquele lugar que sempre projeto. O penhasco, o céu, nossa sensação de finitude e infinidade diante dele. Sensações que, ocorrendo mutuamente, nos provam: somos dialéticos. A dialética que causa toda essa bagunça existencialista. Se fosse tudo 8 ou 80, preto ou branco, não precisaríamos lidar com espectros desconhecidos.
Ninguém vai entender, acho. Mas faz tanto sentido pra mim.