segunda-feira, 26 de março de 2012

Sobre sexualidade e bom senso

Hoje apresentei um seminário sobre a questão do escolher sob as lentes da fenomenologia, relacionando com a união estável homoafetiva. O assunto é polêmico, claro, pra quem tem o cérebro com a mesma capacidade de raciocínio que uma porta (ou pra quem concorda com textos bíblicos).

No meio da apresentação, metade da sala já havia se levantando e ido embora. Desinteresse? O ônibus era mais importante que discutir direitos humanos? É desconfortável assistir a um seminário que não fala sobre o final de Fina Estampa, ou não se refere e exemplifica o gay como um Crô (o “viadinho” da novela, sabe? Todo caricato saltitando, que engraçado!)?

Por any motivos as pessoas descolaram suas bundas da carteira e foram embora, o que sinceramente não me chatearia se entrasse na minha cabeça que não foi por falso desdém quanto ao tema. Falso por que afeta SIM a todo mundo. Afeta principalmente os conservadores que ficam acuados quando rondados pelo assunto. Por quê? Por que diabos afeta tanto a um moralistazinho simplesmente o fato de estarem falando sobre viados e sapatões, esses imundos possessos?

Uma das minhas hipóteses é que algumas pessoas (muitas!) não aguentam o fato de alguém conseguir fazer/ser o que elas desejam pra si e não realizam. Pra essas pessoas, um conselho: saia do armário, nem que seja pra você mesmo. Você, miniatura de pastor moralista, aceite que você vibra ao ouvir I Will Survive e que é louco pra puxar pela gravata seu “irmão” do coral e ver o que tem debaixo daquela camisa branca imaculada.

Não espere que o mundo melhore se você não tem a coragem de ser. Vi por aí uma frase que dizia algo como: se preocupam em deixar um planeta melhorar para as pessoas, enquanto deveriam se preocupar em deixar pessoas melhores para o planeta. Então jogue a sua bíblia dentro do armário pra ocupar seu lugar, que já não é mais aí dentro. Se seu problema não for esse, claro que todos possuem o direito de serem idiotas, mas você tem a escolha de não ser, use-a, ao invés de ser um detestável parafuso na máquina social de defecação intelectual e moral – o bom senso agradece.

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