Diante de mim, apenas a tela deste computador – meu confidente, silencioso, paciente, que apenas me acata e não me viola. A barrinha do Word piscando ansiosa para receber minhas palavras, os excretos da minha alma preenchida por emoções e por fumaça. Ouço agora Lovesick – CocoRosie. O que mais posso acrescentar? O de sempre: o que sinto com a vida me desmiuçando e quando tento desmiuçá-la.
Hoje pensei sobre nosso lado libidinoso. Refleti sobre os limites da sexualidade, do gênero, da individualidade (até onde somos indivíduos e até onde somos todos fantoches do instinto e da espécie, como um todo). O que é viver e o que é ser feliz? Nos conheceremos o suficiente para saber lidar com nossas fronteiras? Somos escravos ou donos de nós mesmos? E o amor? O amor da sua vida é o certo pra você? E o certo pra você, é o que vai te fazer feliz? Dá pra ser feliz com o errado?
Seria mudar muito bruscamente de assunto se eu dissesse que você me faz falta? Você e tantas outras pessoas me fazem falta. Sinto falta de outras Amandas que já fui. Falta de sentir o sentido presente nas coisas. Melhor, não precisar que as coisas façam sentido pra que me satisfaçam.
Agora estou ouvindo Treasury of We – Glasser. Essa música me lembra que eu tenho necessidade de viver momentos cinematográficos que façam jus aos meus desejos. Desejo de ir naquele lugar que sempre projeto. O penhasco, o céu, nossa sensação de finitude e infinidade diante dele. Sensações que, ocorrendo mutuamente, nos provam: somos dialéticos. A dialética que causa toda essa bagunça existencialista. Se fosse tudo 8 ou 80, preto ou branco, não precisaríamos lidar com espectros desconhecidos.
Ninguém vai entender, acho. Mas faz tanto sentido pra mim.
Eu acho sempre tão curioso falar em "o certo pra mim", "o errado pra fulana". Quer dizer, o que diabos é certo? OK, tu pode dizer que o certo é aquilo que a pessoa acredita e isso encerra a discussão. Claro, é a saída do relativismo. O que pergunto é: haverá outra saída? Estou aqui pensando se, para mim, o certo não seria que não há.
ResponderExcluirAh, e sobre a última frase, qualquer um que ler vai tirar um sentido desse teu texto. Qual? O certo para aquela pessoa, talvez. Se a gente sabe, e suponho que tu saiba, que não exista Verdades, então esperar que alguém nos entenda parece tão distante... Talvez valha mais - ou resulte melhor - querer que entendamos que alguém nos entende, mesmo que isso seja uma ficção =)
Primeiramente, welcome ^^.
ResponderExcluirEnfim, a questão do certo e errado foi evidenciada justamente para ser desprezada. É complicado vermos o "certo" e o "errado" como existentes se nos limitarmos a suas definições banais, de o que faz bem e o que faz mal, do justo e do injusto (por isso cito a dialética no final do texto). De qualquer forma, acho que o certo e o errado podem existir e inexistir a qualquer momento, não por relativismo, mas por uma questão de complexidade que as vezes nos leva a dizer que "simplesmente é".
Sobre a última frase, digo sobre entenderem o sentido pra mim, e realmente não vão, justamente por cada um ter sua própria interpretação. A ontogênese impede a unanimidade, felizmente.